"Ó vós que aqui entrais: perdei toda a esperança!"

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A bolha teatral nada bela

Hoje venho propor a assimilação de uma peça! Sim senhores! Uma peça!
Mas antes, vocês precisam saber alguns detalhes importantes para entender a idéia central do ato.

É o seguinte, eu sei que eu não sou lá exemplo que se dê. Mas vejam o meu caso:
- Rapaz! Em pleno terceiro colegial, passo horas em tarefas quase completamente inúteis no computador. Acordo, vou a escola, engulo tudo que me é passado por lá, depois volto tranquilamente pra casa. Não parece uma vida muito agitada não é mesmo?

Porém, veja só, ao meu lado, encontro alguém quase na mesma situação que eu, a única diferença, é o delírio. "Oh Deus! Tenho aquele trabalho! Tenho que correr! Estou fodido! Nossa tirei uma nota excelente nessa introdução de três linhas que levei horas pra fazer! Ah não! Fui mal nesta matéria, meu Deus, vou repetir, meu mundo está acabado!"

Sim, isso acontece, talvez aconteça com você mesmo que está lendo. Não necessariamente na área 'acadêmica', pode ser nas relações sociais, nos seus jogos, na sua roupa, na sua decadência. Tanto faz! O fato é: Senhoras e senhores, estamos pirando! Não, não você que mora sozinho e precisa trabalhar pra se sustentar ou sustentar sua família (você, meu caro, já pirou há muito tempo). Estou falando dos jovens! Onde já se viu?! Adolescentes sofrendo com doenças sérias por causa do 'stress'! Você leu direito? Por causa do 'stress'! Adolescentes! Cara, onde este mundo vai parar? Me diga, hã? Hã?

Vamos lá, a idéia (pro inferno a reforma ortografica) está ficando interessante; o nome da peça? "Mundo", "Realidade", "Vida real", "Mundo lá fora", escolha! Como protagonistas temos os jovens! Aqueles que passam quase 15 anos na escola aprendendo as bases de todo o conhecimento reunido pela humanidade, pra que? Passar no vestibular. AI MEU CARALHO! HÁHÁHÁHÁ!
Calma, calma. Tudo bem, concordo que aprender seja realmente interessante e produtivo, que a escola contribui (ou não) para o avanço da humanidade. E que as faculdades sejam fundamentais (ou não) para a especialização de cada um para trabalhar e contribuir com o crescimento da sociedade, sim, sim. Mas a questão, meus queridos, é a seguinte:


- Os alunos, sofrem um terrorismo psicológico brutal. Onde o vestibular e o "Mundo lá fora"/"Realidade"/ "Vida real", são demonizados. Sim, nossas crianças aprendem a temer tudo isso. Elas acreditam que vivem uma realidade alternativa, que se acaba quando ela se forma no terceiro colegial. Há há! Elas pensam que as coisas "lá fora" serão mais poderosas e estarão prontas para devora-las quando elas sairem da "bolha" protetora que é a escola.

Pronto! Os nossos protagonistas e o vilão já estão colocados no devido lugar! E agora, vamos àqueles que em todas as estórias encaminham o protagonista para a loucura. Seria o papai? Ou a mamãe? Seriam os professores? Ou então, os próprios protagonistas? Que em sua ânsia pela "vida lá fora", engrandecem tudo o que vivem dentro de sua "bolha", pois é, engrandecem, dramatizam, martirizam, sofrem e torcem a sua realidade sem conteúdo até o último fio de lucidez.

Me pergunto se a geração que agora cria e pressiona os filhos (os pais) passaram por isso. Pois não sei o que esperar de uma geração eclodida de uma bolha teatral nada bela.



Câmbio e desligo.

2 comentários:

  1. Muitoo bom! Realidade pura.
    Confesso que eu sou uma dessas jovens malucas com a escola e o tecnico, porque realmente é muita coisa pra fazer!
    Mas eu não esqueço e não fujo da minha vida real, assim como muitos fazem. Eu procuro estar sempre em paz comigo mesma e estar sempre fazendo o que me dá prazer. É necessário essa loucura para o nosso futuro profissional, infelizmente. Mas é desnecessária essa santa bolha em que muitos jovens estão nesse momento.

    Ah, adorei mesmo seu texto! :D
    Parabéns! ;)

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  2. Destrinchou o tema de forma sensível...muito perspicaz

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